Fernanda Montenegro atrai milhares com livro de memórias
Atriz fala de “resistência” e política ao Theatro Municipal lotado no lançamento de Prólogo, Ato, Epílogo. Por Maria Carolina Soares.
(São Paulo, brpress) – Numa tarde de domingo nublada (06/10), em torno de mil pessoas lotaram o Theatro Municipal de São Paulo para o lançamento do livro de memórias Prólogo, Ato, Epílogo (Companhia das Letras, R$ 49,90) e ver a grande dama – ou “bruxa”, como ela apareceu vestida, numa fogueira de livros, na capa da revista literária Quatro Um Cinco – do teatro brasileiro. É como a atriz Fernanda Montenegro, 90 anos, prefere ser chamada e como foi descrita pelo amigo Zé Celso Martinez Corrêa, fundador do Teatro Oficina.
O evento aconteceu sob uma chuva de aplausos e se repete nesta quarta (09/10), às 19h, na Livraria da Travessa, no Shopping Leblon, Rio – somente 300 senhas serão distribuídas, por ordem de chegada, a partir das 17h.
Ingresos disputados
O lançamento do livro em São Paulo fez parte da Primeira Virada do Livro do Festival Mário de Andrade, que contou com palestras, feiras e homenagens (04 a 06/10).
Os ingressos para ver a única brasileira indicada ao Oscar de Melhor Atriz eram gratuitos e, por isso, a fila serpenteava as laterais do Theatro Municipal desde cedo. Após a abertura das portas, mais disputa: estavam à venda 300 livros autografados por Fernanda e todos queriam seu exemplar.
‘Resistência’
Ao entrar no palco que abrigou a Semana de Arte Moderna de 1922, Fernanda Montenegro foi ovacionada de pé pela plateia lotada por algo em torno de 10 minutos. Depois, a atriz e o diretor José Celso Martinez Corrêa, convidado a subir no palco, falaram sobre a “resistência” como ofício de ambos.
Nas palavras dos próprios, estavam lá a “bruxa” e o “xamã” do teatro brasileiro. E não só isso.
“Divina, diabólica e bruxa!”, gritou Zé Celso, para descrever a amiga de tantos anos.
Durante os 50 minutos que permaneceu no palco, Fernanda leu trechos do livro, que conta sua história e de sua família entrelaçadas à história de “um país que está sempre começando”.
Fernanda começou a carreira de atriz quase que despretensiosamente, em uma audição para uma radionovela. Na época, ela dava aulas de português a veteranos de guerra.
Ela e sua família viram surgirem e sumirem Vargas, Mussolini e Hitler. E, do alto de sua estatura artística e experiência de vida, garantiu: “Ninguém nem sistema nenhum vai nos calar”.
(Maria Carolina Soares, especial para brpress)
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